Desigualdades na qualidade da água nos municípios brasileiros: desafios da vigilância para o século XXI

Resumo

A vigilância é a principal estratégia para garantir a qualidade da água. O objetivo foi analisar os parâmetros básicos da qualidade da água em municípios brasileiros em 2018, de acordo com suas características demográficas, socioeconômicas e geográficas, a fim de explorar os desafios da vigilância para o século XXI. Realizamos um estudo ecológico transversal utilizando dados oficiais do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano. Mais de 420 mil registros de sistemas de abastecimento de água em todos os 5.570 municípios foram submetidos a um protocolo de limpeza e validação de dados processados com o software RStudio. As variáveis incluíram turbidez, cloro residual livre, pH, concentração de flúor e ausência de Escherichia coli. Os municípios foram categorizados por tamanho populacional, Índice de Desenvolvimento Humano e macrorregião. A porcentagem de municípios com informações válidas e conformidade com os padrões esperados foi calculada com base em critérios institucionais e científicos. Os resultados mostraram que E. coli e turbidez apresentaram o melhor desempenho (mais de 75% dos municípios tinham informações válidas), enquanto pH e flúor, o pior (menos de 50% dos municípios). Em relação à conformidade, entre os municípios com informações validadas, 80% ou mais estavam em conformidade com os padrões esperados para turbidez, cloro residual livre e pH, e cerca de metade para E. coli e flúor. Conclui-se que a vigilância da qualidade da água foi bem implementada em um em cada cinco municípios brasileiros, com diferenças significativas de acordo com as características demográficas, socioeconômicas e geográficas dos municípios.

Palavras-chave: abastecimento de água, padrões de qualidade da água, políticas públicas, vigilância em saúde pública.