Usina hidrelétrica na Amazônia Oriental e seus impactos nos hábitos alimentares da população local

  • Wellinson Maximin de Souza Severino Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amapá (SEMA/AP), Avenida Mendonça Furtado, n° 53, CEP: 68900-060, Macapá, AP, Brazil.
  • Erick Silva dos Santos Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amapá (SEMA/AP), Avenida Mendonça Furtado, n° 53, CEP: 68900-060, Macapá, AP, Brazil.
  • Helenilza Ferreira Albuquerque-Cunha Departamento de Meio Ambiente e Desenvolvimento. Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Rodovia Juscelino Kubitschek, Km 2, CEP: 68903-419, Macapá, AP, Brazil.
Palavras-chave: espécies silvestres, impactos socioambientais, peixes.

Resumo

O presente estudo avaliou os impactos diretos da Usina Hidrelétrica Cachoeira Caldeirão (antes e durante sua construção) sobre os hábitos alimentares (consumo de peixes e carnes silvestres) de residentes na cidade de Porto Grande, Estado do Amapá, Brasil. O estudo foi realizado em 2015, com base na aplicação de questionário para coleta de dados (tamanho da amostra = 53) e na análise comparativa para significância (teste de Wilcoxon, p <0,05) e avaliação de correlação (teste de Pearson). Os resultados sugeriram mudanças significativas nos hábitos alimentares das famílias. O teste de Wilcoxon detectou três variáveis significativas (p <0,05): renda familiar, número de espécies (consumo de peixes e carnes silvestres) e taxa de consumo de carnes silvestres por família. Os testes de correlação de Wilcoxon e Pearson confirmaram duas variáveis (p < 0,05 er > 0,7): renda familiar versus consumo de carne selvagem antes (valor p = 0,045; r = - 0,75) e renda familiar versus consumo de peixe durante (valor p = 0,0029; r = - 0,83) construção de usina hidrelétrica. Pode-se inferir que a queda no consumo familiar de peixe pode estar relacionada à mudança de hábito alimentar das famílias. As mudanças na dieta alimentar podem ter levado as famílias ao consumo crescente de alimentos industrializados e/ou ultraprocessados, muito comuns em regiões ribeirinhas amazônicas isoladas geograficamente e com dificuldades de acesso a energia elétrica. Além disso, as famílias foram obrigadas a se adaptar a uma nova realidade devido às mudanças ambientais em seus territórios.


Publicado
22/09/2021
Seção
Artigos