Moluscos de água doce como indicadores da presença de agrotóxicos no reservatório de Volta Grande, Brasil

  • Andressa Mendes Sene Instituto de Ciências Naturais. Departamento de Ecologia e Conservação. Universidade Federal de Lavras (UFLA), Avenida Doutor Sílvio Menicucci, s/n, CEP: 37200-900, Lavras, MG, Brazil.
  • Daniel Melo Rosa Programa de Pós-graduação em Ciências (FIMAT). Departamento de Física. Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Rua Cinco, n° 2, CEP: 35400-000, Ouro Preto, MG, Brazil. Centro de Bioengenharia de Espécies Invasoras de Hidrelétricas (CBEIH), Avenida José Cândido da Silveira, n° 21000, CEP: 31035-536, Belo Horizonte, MG, Brazil.
  • Silvia Maria Millan Gutierre Instituto de Ciências Naturais. Departamento de Ecologia e Conservação. Universidade Federal de Lavras (UFLA), Avenida Doutor Sílvio Menicucci, s/n, CEP: 37200-900, Lavras, MG, Brazil.
  • Paulo Santos Pompeu Instituto de Ciências Naturais. Departamento de Ecologia e Conservação. Universidade Federal de Lavras (UFLA), Avenida Doutor Sílvio Menicucci, s/n, CEP: 37200-900, Lavras, MG, Brazil.
Palavras-chave: agroquímicos orgânicos, bivalve, gastropoda, pesticidas, risco de contaminação

Resumo

O Brasil tem vivenciado um aumento no uso de agroquímicos nos últimos anos, representando uma ameaça potencial aos ecossistemas. O reservatório de Volta Grande (Minas Gerais/São Paulo, Brasil) tem cerca de 87% de sua área cercada por sistemas agrícolas, e muitos compostos usados na agricultura acabam sendo transportados para corpos d'água próximos. Dado o potencial risco ecológico, nosso objetivo foi avaliar a presença de pesticidas utilizando moluscos de água doce como bioindicadores no reservatório de Volta Grande. Coletamos espécimes de dois bivalves e três gastrópodes usando dragas de fundo e sondagem visual, em três locais diferentes dentro do reservatório. Todos os pontos de amostragem foram classificados de acordo com suas distâncias da barragem, e todos estavam próximos a terras agrícolas. As amostras foram processadas e congeladas para análise toxicológica qualitativa por espectrofotometria de massa. Oito pesticidas foram identificados, incluindo quatro organoclorados (Aldrin, p,p’-DDE, Heptacloro epóxido e Endrin) e organofosforados (Disulfato, Malation, Paration-metil e Paration-etil). Todas as cinco espécies estudadas (Limnoperna fortunei, Corbicula fluminea, Melanoides tuberculata, Aylacostoma tenuilabris e Pomacea aff. canaliculata) apresentaram vestígios de pesticidas nos tecidos. Dos oito agrotóxicos encontrados em nossa análise, seis são ilegais no Brasil, reforçando a preocupação sobre o uso contínuo de agrotóxicos proibidos e também o risco ecológico na área do reservatório de Volta Grande. De acordo com os nossos resultados sugere-se um controle ambiental mais rigoroso por parte dos órgãos ambientais em relação ao uso e comercialização desses compostos tóxicos ilegais.


Publicado
17/05/2021
Seção
Artigos