Análise de risco de transbordamento na rodovia Presidente Dutra com o uso da curva cota-volume na bacia hidrográfica do rio Una em Taubaté, SP, Brasil

Resumo

As intervenções antrópicas e vetores de ocupação urbana têm causado mudanças no regime de infiltração e escoamento que podem causar ou acelerar processos erosivos, assoreamentos e inundações em bacias hidrográficas. As inundações, como fenômeno estocástico, podem ocorrer a qualquer momento e em qualquer lugar, influenciadas por fatores climáticos, características físicas da bacia e principalmente pela interferência humana no uso e ocupação do solo, que afeta o tipo, qualidade e quantidade de vegetação, aumenta a impermeabilidade do solo. Os aspectos de urbanização regional levaram o Estado, em 2012, a criar a Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte (RMVPLN), atraindo grandes investidores imobiliários. Na bacia hidrográfica do rio Una, no município de Taubaté, houve aumento dos episódios de enchentes e possibilidade de agravamento devido às mudanças no uso e ocupação do solo. Neste estudo, buscou-se determinar o escoamento em função das mudanças no uso e ocupação do solo expressas pela variação do coeficiente de escoamento (C) recomendado pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE-SP) para projetos de licenciamento e intervenção em recursos hídricos. Os limites inferiores C = 0,35 e C superior = 0,70 foram utilizados admitindo variações de 0,05 pontos neste intervalo para calcular a vazão de água (QE) e Volumes de Captação (VE) na bacia a partir de uma precipitação intensa de 100 anos de tempo de recorrência, a partir de a utilização do Método UEHARA (DAEE, 2006), até o ponto de controle localizado na interseção do rio Una com a Rodovia Presidente Eurico Gaspar Dutra (BR 116-SP) e traçada a curva Cota-Volume. As cotas de inundação foram obtidas pelo rebatimento dos volumes de reservação encontrados, na curva cota-volume. O coeficiente de escoamento atual da bacia é C = 0,35, o que permite que a água passe pela ponte da rodovia Dutra. Porém, na modificação de C = 0,50 devido ao avanço da urbanização, o nível de inundação chegaria a 557,40 m que ultrapassa o nível da base inferior da ponte (556,72 m) e, com C = 0,60, atingiria a cota de 558,90 m, que cobriria a superfície asfáltica da rodovia. Dadas as pressões imobiliárias na região metropolitana, recomenda-se cuidados especiais na conservação, preservação e expansão da vegetação florestal nativa com ações de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSAs), ações de desassoreamento da calha principal e afluentes do Una, para contenção o avanço identificado da urbanização na bacia, bem como a definição e instalação de bacias de detenção e retenção.