Uso de polímero hidroretentor no substrato de cultivo do palmito juçara (Euterpe edulis Mart.)

Resumo

Ao longo dos anos, a mata atlântica vem sofrendo significativas alterações da paisagem natural. Inventários realizados pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (SOS Mata Atlântica and INPE, 2017), apontaram que 83,7% do território paulista inicialmente coberto por esse bioma já foi transformado em pastagens, monocultura e outros usos. Essa intensiva exploração resultou em extensas áreas degradadas, decorrentes do abandono após a perda da capacidade produtiva do solo. Para a recuperação das características físicas e químicas e da diminuição da perda de solo por processos erosivos, realiza-se o plantio de espécies florestais. Durante a realização do plantio e nas primeiras semanas de crescimento das plantas, a falta ou o excesso de água podem limitar seu desenvolvimento. Neste caso, uma alternativa utilizada consiste em adicionar ao solo polímeros hidroretentores que tem a capacidade de elevar a retenção de água. O objetivo geral deste estudo foi avaliar o efeito de diferentes doses de polímero hidroretentor incorporadas ao substrato de cultivo com regas diárias e alternadas no crescimento de mudas de Palmito-Juçara (Euterpe edulis Mart.) por um período de 3 meses em viveiro. O experimento teve início quando as mudas apresentaram 220 dias pós-semeadura. As plantas de juçara foram cultivadas em sacos plásticos preenchidos com 850 g de substrato composto por uma mistura de turfa, casca de arroz carbonizada, esterco de cavalo, esterco de galinha, esterco bovino curtido, fertilizante mineral e calcário dolomítico. Para o estudo do efeito do polímero hidroetentor, foram adicionadas ao substrato seco as seguintes doses de um copolímero poliacrílico de potássio: D0 = sem adição do polímero ao substrato (testemunha), D2 = 2 g de polímero, D3 = 3 g de polímero, D4 = 4 g de polímero e D5 = 5 g de polímero. Cada dose foi combinada a dois regimes de irrigação, rega diária ou alternada, em um arranjo fatorial 5 x 2, com 15 repetições, totalizando 150 parcelas experimentais em um delineamento em blocos casualizados. O transplantio das mudas para os sacos aconteceu em  abril de 2019 e a cada 30 dias consecutivos se realizou a coleta de cinco indivíduos de cada dose e de cada tipo de rega (50 parcelas experimentais/coleta), ou seja, 3 coletas (250 dias, 280 dias e aos 310 dias pós-semeadura). Em cada coleta foram realizadas as medidas do comprimento das folhas e do sistema radicular, do diâmetro do caule, da altura da planta, da massa seca da parte aérea, da massa seca da raiz e da massa seca total. Verificada a normalidade dos dados e a homocedasticidade das variâncias foram realizadas as análises das variâncias (ANOVA, p<0,05) e as diferenças entre as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (p<0,05). As  análise dos resultados evidenciaram diferenças significativas entre as regas com maior crescimento para as variáveis comprimento das folhas, diâmetro do caule, altura da planta e massa seca da parte aérea no período inicial de desenvolvimento das plantas de juçara, sendo que na condição de rega diária, o destaque foi para a dose D3 e, na rega alternada, foi para a dose D5.