Cidade, história e memória: do ambiente destruído ao espaço construído. O caso de Natividade da Serra, SP
Resumo
Entre os anos de 1973 e 1974, a cidade de Natividade da Serra, SP foi realocada para dar lugar a uma represa para servir a uma usina hidrelétrica. Com base na ideia de que a relação existente entre a sociedade e o espaço age na conformação da cultura, efetuamos um estudo de caso cujo objetivo principal foi analisar o impacto social deste processo sobre a comunidade local, enfatizando as transformações culturais provocadas pela reestruturação do espaço historicamente construído. Partindo de análise qualitativa dos dados encontrados nas fontes escritas (acervo documental do Executivo Municipal e da Paróquia Nossa Senhora da Natividade) e orais (relatos coletados através do método da história oral) pudemos elaborar um quadro representativo do cotidiano da antiga cidade, de seu processo de destruição e de reorganização da comunidade no novo espaço – bem como perceber a cidade como o lugar de construção das múltiplas experiências históricas. Ao relacionarmos os dados obtidos nas fontes às informações sobre o contexto histórico, procuramos desvendar as dimensões políticas, culturais e ideológicas envolvidas neste processo de manipulação do espaço habitado. Concluímos que as inúmeras implicações trazidas pela transformação abrupta do espaço alteraram os costumes e as formas de sociabilidade da população. A análise das razões e motivações para o desaparecimento da cidade sugeriu que, ainda que de forma implícita, esta transformação cultural era desejada por aqueles que detinham o poder no país.
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