Mapas de deficiência hídrica e excedente hídrico para o Brasil, baseados na evapotranspiração potencial de Penman-Monteith - FAO (doi:10.4136/ambi-agua.59) (Inglês)
Palavras-chave:
balanço hídrico climatológico, planejamento agrícola, projetos de irrigação
Resumo
O balanço hídrico climatológico (BHC) proposto por Thornthwaite e Mather (1957) é uma ferramenta muito útil para o planejamento agrícola. Esse método requer como variáveis de entrada a capacidade de água disponível do solo (CAD), a chuva (P) e a evapotranspiração potencial (ETP). A chuva é uma variável facilmente mensurável e a CAD pode ser determinada de forma relativamente simples conhecendo-se as características físicas do solo. No entanto, a ETP necessita ser estimada com base em dados meteorológicos. Dentre os métodos utilizados para a estimativa da ETP, o proposto por Thornthwaite (1948) é o mais simples e o mais empregado no Brasil, exigindo apenas dados de temperatura. Entretanto, esse método apresenta limitações de uso, já que se baseia apenas em relações empíricas. Quando o BHC é estimado com a ETP calculada pelo método de Thornthwaite, os erros dessa variável são transferidos para as outras variáveis, especialmente para a DEF e o EXC. Como todos os mapas de DEF e EXC para o Brasil são baseados nos dados estimados com a ETP de Thornthwaite, o objetivo deste trabalho foi gerar novos mapas dessas variáveis considerando-se a ETP estimada pelo método Penman-Monteith, o qual é o método de referência adotado pela FAO. Para tanto, foram utilizados dados climáticos normais (1961-1990) do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), com 219 localidades em todo o país. Esses dados foram empregados na estimativa da ETP pelos métodos de Thornthwaite - TH e FAO Penman-Monteith – PM. Dados da ETP, estimada por ambos os métodos, e de chuva, foram usados para a estimativa do BHC para uma CAD de 100 mm, tendo como variáveis resultantes a evapotranspiração real (ETR), DEF e EXC, que foram comparadas por análise de regressão. Os resultados mostraram que o método de TH subestimou a ETP anual, em relação ao método de PM, em 13% em 84% das localidades. Tal subestimativa levou a subestimativas também da ETR e da DEF, respectivamente de 7% (em 69% dos locais) e 40% (em 83% dos locais). Para o EXC, o uso da ETP de TH resultou em superestimativas médias da ordem de 80% em 78% dos locais analisados. As diferenças observadas nas variáveis do BHC quando a ETP foi estimada por diferentes métodos resultou em mudanças substanciais nos mapas de DEF e EXC para o Brasil. Esses novos mapas, baseados na ETP estimada pelo método de PM, fornecem informações mais acuradas, especialmente para fins de planejamento agrícola e hidrológico e para projetos de irrigação.
Publicado
22/12/2008
Edição
Seção
Artigos
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