Análise crítica da Pegada Hídrica Cinza na produção de celulose

  • Vanessa Lucena Empinotti Universidade de São Paulo, USP, Brasil.
  • Natalia Dias Tadeu PROCAM/IEE/USP
  • Renata de Souza Leão Martins PROCAM/IEE/USP
Palavras-chave: Recursos Hídricos, Gestão, Políticas Públicas, Brasil, Canadá, Estados Unidos

Resumo

Apesar do uso do método da Pegada Hídrica (PH) como uma ferramenta de gestão pelo setor privado, poucos são os estudos publicados que consideram as três frações do método no seu cálculo: Pegada Hídrica Azul - PHazul, Pegada Hídrica Verde - PHverde e Pegada Hídrica Cinza – PHcinza. No caso específico da celulose, a PHcinza não foi considerada no único artigo publicado devido a dificuldade de acesso aos dados referentes a composição dos efluentes gerados no processos produtivo e à qualidade dos corpos de água em seu estado natural. Nesse contexto, o objetivo deste artigo é analisar a contribuição da fração da PHcinza do processo industrial no valor total da PH da celulose e suas consequências sobre ações para diminuir o impacto ambiental deste processo produtivo sobre os corpos hídricos. Os dados foram produzidos a partir de uma indústria hipotética localizada na bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, Brasil. Os poluentes analisados foram o cloreto total, fósforo total e fenol, todos característicos da produção de celulose e presentes na legislação dos três principais países produtores. Os resultados demonstraram que a PHcinza do processo industrial pode responder a até 55% do valor total da PH da celulose. Além disso, os resultados apresentaram elevada variação em função dos parâmetros ambientais e do poluente de referência. Por fim, a redução dos valores da PHcinza não deve ser considerada por si só, como um fim, isolada do contexto ambiental e político onde a produção de bens está inserida.

Biografia do Autor

Vanessa Lucena Empinotti, Universidade de São Paulo, USP, Brasil.
Vanessa Empinotti é Engenheira Agrônoma formada pela Universidade Federal do Paraná, com mestrado em Ciência dos Solos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e doutorado em Ciência Ambiental pela Colorado University USA. Suas áreas de atuação são recursos hídricos, políticas públicas, gênero e relações entre movimentos sociais e setor privado. Nos últimos 17 anos têm trabalhado com manejo de recursos naturais como pesquisadora e consultora com experiência nacional e internacional. Atualmente é pos doutora do PROCAM USP onde trabalha na área de governança da água, pegada hídrica e setor produtivo. (Texto informado pelo autor)
Natalia Dias Tadeu, PROCAM/IEE/USP
Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo (PROCAM / USP), graduada em Gestão Ambiental pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH / USP) e técnica em Gestão Ambiental pelo Centro Paula Souza (Escola Técnica Estadual de São Paulo). Atua em pesquisas na área de Economia Ecológica e Gestão de Recursos Hídricos, com ênfase na avaliação do método de Pegada Hídrica.
Renata de Souza Leão Martins, PROCAM/IEE/USP
Possui bacharelado e licenciatura em Ciências Biológicas (ênfase em Ciências Ambientais) pelo Centro Universitário São Camilo (2005). Mestre em Ciências pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares/USP (2009). Doutoranda em Ciência Ambiental no PROCAM/USP (2010-2014). Possui experiência em vários temas na área ambiental (poluição atmosférica, poluição de água, ecotoxicologia aquática) e também da área de educação básica. Atualmente é pesquisadora do grupo GovAmb/USP, trabalhando com os temas: Pegada Hídrica, setor privado, governança da água.
Publicado
19/12/2013
Seção
Artigos